Venezuela rebate Salles e nega ter relação com petróleo que contamina praias no Brasil

Tanque de petróleo da empresa estatal venezuelana PDVSA Foto: Isaac Urrutia / REUTERS 29-1-19

CARACAS — A estatal venezuelana Petróleos de Venezuela (PDVSA) negou categoricamente nesta quinta-feira ter relação com o derramamento de petróleo que afeta a costa do Nordeste brasileiro. Na última quinta-feira, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou na Câmara dos Deputados que o material fóssil "muito provavelmente" tinha origem no país vizinho.
"A PDVSA rechaça categoricamente as declarações do Ministro do Meio Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, que acusa a Venezuela de ser a responsável pelo petróleo cru que contaminou as praias do Nordeste do Brasil desde o início de setembro", afirma trecho do comunicado divulgado pela empresa estatal.
A petroleira venezuelana considerou as declarações de Salles "infudadas", "uma vez que não há qualquer evidência de derramamento de petróleo cru nos campos petrolíferos da Venezuela que pudessem ter gerado dados ao ecossistema do país vizinho".
Salles, quando indagado pelo deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG) pela demora na resposta à crise, mencionou expressamente a hipótese de origem venezuelana do material, que já atingiu 63 cidades e 139 localidades.
— Esse incidente no litoral demonstra a importância justamente de um licenciamento, de um modelo, de um sistema que seja de contenção de danos bastante eficiente. Esse petróleo, muito provavelmente da Venezuela, é petróleo que veio por um navio estrangeiro, navegando próximo à costa brasileira - declarou o ministro do Meio Ambiente.
Áreas com localidades oleadas no nordeste brasileiro
Dados de 8 de outubro
MARANHÃO
PIAUÍ
CEARÁ
RIO GRANDE
DO NORTE
Em limpeza
Não observado
PARAÍBA
Vestígios/esparsos (Oleadas)
Manchas (Oleadas)
PERNAMBUCO
9
63
139
estados
afetados
 
municípios
afetados
localidades
afetadas
ALAGOAS
SERGIPE
Foz do
São Francisco
BAHIA
Fonte: Ibama

A PDVSA afirma, ainda, que não recebeu nenhuma informação de clientes ou filiais sobre uma possível avaria ou derrame próximo à costa brasileira, "cuja distância é de aproximadamente 6.650 quilômetros pelo mar" das instalações petroleiras do país caribenho.
Desde abril, a companhia estatal venezuelana está sob embargo dos Estados Unidos como parte de um pacote de sanções imposto por Washington contra o presidente Nicolás Maduro. Por essa razão, a produção da PDVSA é a mais baixa em décadas. A empresa vê nas declarações de Salles o intuito de atingir sua reputação e ampliar as restrições econômicas. O presidente Jair Bolsonaro está entre os críticos mais contundentes de Maduro na América Latina.
"Condenamos estas afirmações tendenciosas que pretendem aprofundar as ações unilaterais de agressão e bloqueio contra nosso povo", continuou o comunicado, em referência às sanções dos EUA. O Globo.