'Me chamar de viado não é ofensa. Tomar 4 tiros, sim', diz vítima de homofobia na Bahia



O homem que levou quatro tiros após beijar um rapaz dentro de um bar em Camaçari, sua cidade natal, na região metropolitana de Salvador, no último domingo, publicou um emocionante relato sobre o ataque em seu perfil do Instagram nesta sexta-feira. Marcelo Macedo, de 33 anos, agradeceu o apoio que vem recebendo dos amigos nos últimos dias, ressaltando que o carinho recebido é o que o motivou a se manifestar após ter vivido "um verdadeiro filme de terror".
"Mas o que me encoraja também é o medo", disse ele. "Nem no meu pior pesadelo eu imaginei que um dia pudesse ser tão violentado. Ver a morte de perto é assustador. Nos paralisa".
A Polícia Civil da Bahia investiga o caso, buscando imagens de câmeras de segurança e ouvindo testemunhas que ajudem a esclarecer o ocorrido.
"É difícil acreditar que as pessoas são agredidas tão cruelmente e de maneira tão covarde pelo simples fato de demonstrar afeto. É triste. Dói. Estou despedaçado", afirmou Marcelo. "Sou jovem, tenho uma família, uma vida inteira pela frente e por um milagre de Deus hoje estou vivo, mas quase tive meus sonhos interrompidos de maneira tão vil".
Atingido em um dos braços e no abdômen, Marcelo foi socorrido ao Hospital Geral de Camaçari (HGC), onde ele relatou que "só sabia chorar", achando que estivesse morto.
"Não lembrava de muita coisa. Ao abrir os olhos e me dar conta do que estava acontecendo, entrei em estado de choque, mas por incrível que pareça, o hospital é o meu lar agora, é o lugar onde me sinto seguro, protegido, em paz. Não sei como será quando sair daqui. Temo pelos meus familiares. Estamos assustados em saber que quem atentou contra a minha vida está solto por aí, sua cara não está estampada em todos os jornais estando tão vulnerável como eu me encontro agora, botando a cabeça no travesseiro deitado na cama da sua casa e dormindo todos os dias tranquilamente", disse.
"Me chamar de 'viado' não é ofensa. Tomar 4 tiros, sim. Uma dor irreparável, além de física, emocional e psicológica. Não sei como será de agora em diante, não sei se serei mais o mesmo. Esse medo que estou sentindo, irei carregar até o fim dos meus dias. Só peço proteção para mim e toda a minha família. Orem por mim!", completou. Jornal Extra.